Meritocracia





Todos temos a mesma oportunidade na vida.

É saber aproveitá-las. Preparar-se para quando elas chegarem.

Bem assim não...

Ontem eu aproveitei o horário de almoço para fazer as unhas no salão ao lado de onde trabalho. 

Sentada ao meu lado, fazendo as unhas da mão, uma jovem loira, cabelo maravilhoso, pele maravilhosa, que aparentava ter nem 21 anos estava ao celular (IPhone) pesquisando pousadas na Serra do Cipó para ir neste fim de semana. Estava vestida de roupa de academia em plena quinta-feira, ao meio dia.

Enquanto estávamos lá, passou um morador de rua bem conhecido nosso aqui na região pedindo UM REAL. Se alguém pudesse ajudá-lo, ele carecia desta ajuda. 

Algumas pessoas lhe deram uma moeda, ele agradeceu muito e seguiu seu caminho. 

Aqui é onde a coisa começa a ficar interessante. Ou não.

A menina que mencionei no início do texto, a que estava ao meu lado, não deu moeda nenhuma para ele e começou a questionar às meninas que deram:

- Por quê vocês deram dinheiro para ele?

Uma delas, sem obrigação nenhuma, mas muito educadamente, respondeu:

- Sempre que ele passa por aqui a gente o ajuda. A gente sempre o vê por aqui, mas, não é sempre que ele pede dinheiro.

A loirinha podia ter se dado por satisfeita com a resposta, mas, não.

- Que absurdo! Que absurdo vocês darem dinheiro para ele. Eu dou uma fruta, um sanduíche ou um biscoito que eu tiver na bolsa. Dinheiro NUNCA! 

E para piorar, ela completou:

- Ele que vá trabalhar para ter o dinheiro dele!

Silêncio sepulcral no salão. 

O cérebro de todas ali meio que travou tentando entender como é que uma mocinha de zona sul, com pele e cabelos maravilhosos, roupa de academia ao meio dia, IPhone na mão, que provavelmente estudou em colégios particulares, que está com carro do ano e provavelmente também nunca trabalhou na vida consegue falar para um preto, pobre, que nunca teve estudos e morador de rua que o que ele precisa é ARRUMAR UM EMPREGO.  


Existe analfabetismo de letras e leitura. Mas, existe também o analfabetismo social. 

É aquela pessoa que não tem a mínima ideia do que acontece ao redor dela no âmbito social. 

E geralmente isso acontece com quem poderia fazer muito para mudar esta realidade.


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